Às Avessas
Hoje, no trem , notei pessoas de todos os jeitos e gostos e
para todo tipo de gosto. Mas fiquei pensando sobre como vivenciamos inversão de
valores. Não sei dizer motivos, mas
muito se mudou durante o tempo em que me
encontro viva.
A mulher, jovem ainda,
olhava pela janela, como se estivesse pensando
tão somente e seu filho, sentado
em outra cadeira, com uns 10 anos de idade, no banco que serve para idosos, com
uma idosa, bem de frente aos dois, em pé, com 02 sacolas. Então, prestei mais atenção e percebi que
muitos jovens estavam sentados quando
por outro lado, muitos idosos, em pé.
Comentei com meu marido a situação e então, se juntou às
minhas opiniões, outras pessoas no meu entorno. Mas a mulher não se moveu, como se não estivesse ouvindo mesmo e lá
continuou seu filho.
Bastava colocá-lo em
seu colo e a senhora não precisaria ficar em pé por tanto tempo. Bastava ter
prestado atenção em nossa conversa e chegaria a conclusão que estava diante de
uma atitude errada.
Em um outro ponto, a avó , que estava com duas netas, pediu
chocolate para a vendedora ambulante, mas se recusou dar à neta mais nova (
mais ou menos três anos), alegando fazer mal. Ora, porque comprou então?
E a moça , que estava com sua menina de uns 02 aninhos, se
estressou pelo fato de a mesma querer comer amendoim no trem.
Fiquei então pensando
, observando que o respeito está em
falta independentemente de camada
social. Os filhos exigem muito mais e os
pais não dão conta desse processo que de
lentidão não tem nada.
Talvez seja a geração dos pais que está completamente
errada,que teve uma formação deturpada
de conceitos que deveriam ser levados a sério.
Falta um jeito educado de ser. Falta gentileza . Falta amor
ao próximo. Falta respeito.
Indisciplina toma conta das escolas e poucos para darem
conta. Estudiosos já usaram todas as armas educacionais e não se notam
mudanças. Tudo que se lê, se vê mesmo
que colocados em prática não trazem resultados. Talvez um dia consigamos ver as
tais mudanças esperadas, mas o que pesa mesmo, é a inversão de valores,
que vem assustando os que conseguem
perceber.
O mais triste diante desta inversão de valores dos dias
atuais é que ninguém mais faz as perguntas básicas para discernir o certo do
errado: Eu quero, mas eu posso? Eu devo e todos os dias, temos conseqüências
desses atos. A começar pelos sustentáculos da sociedade que é o lar e a escola.
Nos lares temos visto pais e mães que matam filhos, jogam pela janela, jogam
crianças no lixo, fazem filhos de refém. Em contrapartida temos filhos que
matam os pais, fazem de refém, batem, fazem tortura física e psicológica. Se os
valores não estivessem invertidos, esses mesmos pais protegeriam seus filhos de
todo e qualquer perigo, lhes supriria todas as necessidades de atenção, amor,
orientação, cuidados, educação.
Basta elencarmos para esse fato, o ultimo capítulo da novela
atual da rede globo em que o pai desejou
matar o filho e embora tenha desistido , foi covardemente assassinado pelo
filho. E ouvi muito das pessoas dizendo que o filho merecia ter morrido e pelo
pai. Conclusão: tudo passou a ser normal. Uns matando os outros virou rotina.
Sinto saudades de quando a escola e o lar eram parceiros na
difícil tarefa de educar, quando pais e mestres tinham como único objetivo formar
cidadãos de bem, de quando os filhos sabiam respeitar a seus pais e aos seus
professores, de quando o aluno levava uma suculenta e inocente maçã para a sala
de aula ao invés de uma arma para tirar a vida do colega.
A inversão de valores, vai além do ambiente familiar e além
da escola, porque já está impregnada na sociedade e o pior é que os indivíduos
que perderam os valores familiares, que desconhecem os princípios, a ética, a
moral e a noção do que é ser um ser humano toma realmente o errado como certo e
isso é lamentável. Fiquei chocada , no
fim do trajeto , que foi curto, entender dessa maneira tudo que vi, presenciei.
Lamentável situação e queria muito que tivesse retomadas, que
pudéssemos mudar , que pudéssemos ver transformações .
A desconstrução nesse momento de caos se faz necessário para
que haja um ressuscitar de valores, no momento às avessas.