Gorete Pereira- Deputada federal(fisioterapeuta) é entrevistada pelo Coffito, pra discorrer sobre o Projeto de lei 4261/2004, que inclui fisioterapeutas e arte terapeutas no Programa de Saúde da Familia,facilitando assim, o atendimento aos mais carentes e por outro lado, aumentando a empregabilidade aos profissionais dessa área.

"Escolhi a fisioterapia, mas a política me escolheu” diz a deputada. COFFITO entrevista Deputada Gorete Pereira (PR-CE)
Ela é deputada federal pelo Partido da República (PR) do Ceará. Fisioterapeuta formada pela Universidade de Fortaleza – Unifor e em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, Gorete Pereira já foi vereadora em Fortaleza (1988-1992 e 1992-1994), deputada estadual (1994-1998; 1998-2002) e deputada federal (2004-2007 e 2007-2011). Nessa entrevista à Agência Coffito, ela fala um pouco da sua trajetória, das ações e perspectivas para a profissão no Congresso Nacional.
Agência Coffito: Fale um pouco da sua trajetória.
Deputada Gorete : A profissão que eu escolhi foi a fisioterapia, mas a política me escolheu. Depois que eu me formei em 1975, fui trabalhar com muita gente carente, com crianças excepcionais, portadores de necessidades especiais e idosos, no meu estado, o Ceará. Ali eu vi a possibilidade de tentar conseguir algum benefício para estas pessoas que têm pouca assistência. Nessa época, havia muito mais dificuldade de fazer um trabalho com as pessoas portadoras de necessidades especiais. Elas demoravam muito para chegar até nós, para trazer seus filhos para se tratar. Existe o problema do transporte público, que até hoje não está totalmente adaptado para portadores de necessidades especiais.
Esses problemas fizeram com que nós levássemos a Fisioterapia até essas pessoas, em vez de ficar esperando elas virem até nós. Neste período eu já era vereadora em Fortaleza e comecei a fazer um trabalho na Câmara Federal, em parceria com alguns deputados federais do Ceará, mas mesmo hoje na política, eu ainda me considero fisioterapeuta.
Fui chefe de departamento, e ministrei diversas disciplinas na Universidade de Fortaleza e dentro da Fisioterapia sempre fiz tudo com muito amor. Quando eu me deparei com a quantidade de pessoas carentes que não tinham acesso à assistência de saúde, é que minha luta política começou. Também fui presidente da Associação Beneficente Cearense de Reabilitação (ABCR) e é emocionante ver o quanto essa instituição cresceu. Este ano a Associação completou 40 anos de atividade; quando começamos tínhamos apenas duas entidades ligadas a ela, hoje são 18 entidades. Dez em Fortaleza e oito no interior. A ABCR trata mais de 2500 pessoas por dia gratuitamente.
À medida que fui crescendo na política, a fisioterapia cresceu junto comigo. Todo este trabalho fez com que a fisioterapia começasse a ser reconhecida em Fortaleza, nos bairros onde fomos abrindo a ABCR. Até mesmo o mercado de trabalho, que nessa época era muito restrito para os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, foi aos poucos melhorando. Hoje brigamos na Câmara Federal para que eu e meus colegas possamos ser inseridos no Programa de Saúde da Família, pois minhas lutas políticas são sempre muito ligadas a essas áreas sociais. Claro que eu busco de outras áreas, mas esta é sempre minha área prioritária.
Agência Coffito: A senhora é autora do projeto de Lei 4261/ 2004, que pede a inclusão dos profissionais fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais no Programa Saúde da Família (PSF.). Como está essa luta?
Dep. Gorete: O Programa Saúde da Família constitui um novo modelo de atenção à saúde prestada pelo Sistema Único de Saúde, para ampliar a cobertura assistencial à população e a possibilitar uma maior aproximação dos profissionais de saúde da realidade das famílias brasileiras. Além disso, amenizaria a superlotação de hospitais e postos de saúde.
Nós estamos discutindo esse projeto que fará com que os fisioterapeutas sejam mais valorizados e tenham mais espaço no mercado de trabalho. O PSF é um programa que deveria incluir o fisioterapeuta, logo depois do médico. O tratamento em domicílio previne a superlotação dos hospitais. Pessoas com pneumonia ou enfisema pulmonar, por exemplo, com um profissional acompanhando em casa estas pessoas, com a mínima aparelhagem, conseguiriam tirá-las dos hospitais e protegê-las de infecções hospitalares, porque podem se tratar em casa. O fisioterapeuta é um profissional que pode fazer uma triagem muito boa, garantindo uma condição de vida muito melhor ao paciente. Seria um trabalho preventivo e curativo.
Agência Coffito: E quanto ao projeto de Lei 7703/2006 que trata do exercício da medicina? Qual a sua opinião?
Dep. Gorete: O problema do ato médico é que nós fisioterapeutas e outras profissões que estão incluídas no projeto queremos autonomia para trabalhar e já fomos regulamentados para isso. E eles querem hierarquia para isso. E temos competência para isso, mas os médicos querem hierarquia para este serviço, mesmo não tendo estudado o que nós estudamos. Eu não posso receber uma prescrição de uma pessoa que não estudou o que eu estudei. É uma questão de justiça, com todo o respeito que eu tenho à classe médica. Hoje, para que um doente fique bom, é necessária uma equipe multidisciplinar e são todos esses profissionais que precisam estar envolvidos com sua área, cada um com sua competência. Estamos vivendo um período das especializações, a gente não pode se dar o direito de um profissional somente prescrever um diagnóstico, nós queremos dar um diagnóstico patológico e queremos autonomia para exercer o que a gente aprendeu.

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